A evolução iconográfica dos Santos João e Pedro

Um tema muito interessante para o colecionismo e também próprio da iconografia dos santos, poderia se centrar num só motivo, seguido no decorrer dos séculos e observando as mudanças nas soluções artísticas.

João batizando Jesus Cristo

Na verdade é emblemática a trajetória formal da figura de São João Batista em Florença: Das representações muito esquemáticas e frontais dos primeiros anos da República, chegamos a uma figura que se faz presente nas moedas de Cosme I de Médicis (1536-1574) e a imagem das piastras cunhadas em nome de Francisco I de Médicis (1574-1587).

O santo, com o passar dos anos e com as mudanças do gosto estético, cada vez mais está definido na sua forma física, na massa muscular, no estudo do cabelo e nas pregas do seu vestuário.

E se São João de Cosme é representado como um rude pastor de físico forte, coberto de peles pesadas, o Batista do final do século XVI já é uma figura esculpida com feições delicadas e movimentos quase teatrais. A este santo foram dedicadas várias outras cenas, também muito interessantes, como a de uma meia piastra de 1573, na qual Batista se encontra em uma pequena colina, rodeado de pessoas que o escutam extasiados; ou em outras cenas em que batiza Jesus (Fernando I de Médicis, 1587-1609), ou quando aparece enforcado por um soldado que brande uma espada, uma composição particularmente dinâmica. Também foram dedicadas a Batista imagens representando-o quando criança (1624), ou então o santo aparece muito semelhante a uma entidade pagã, como num tostão de 1624, ou com feições afetadas e gentis numa peça do século XVII.



Granducato Cosimo III de Medici – 1670-1723

Também é numerosa a galeria de retratos dedicados a São Pedro: Recordemos a cena, particularmente feliz pelos seus traços e pela sua duração (aparece desde meados do séculos XV), do santo como pescador de almas. A representação, de claro significado simbólica mostra o santo em uma barca de estrutura muito simples, e destacada, no lugar da vela, uma grande cruz. Tem um significado sugestivo a solidão de São Pedro no meio do mar, acompanhado somente pela força emitida pela cruz. São Pedro é ainda protagonista de outras cenas interessantes e sugestivas, com a belíssima composição dos quatro ducados papais de Paulo II (1464-1471), nos quais o santo, com auréola e chaves, recebe um rebanho de ovelhas que o Redentor lhe confia.

A mesma peça apresenta no reverso uma barca com os Apóstolos, à qual a tempestade fez afundar. São Pedro caiu na água e foi sustentado pelo Salvador. Também encontramos o santo com os demais Apóstolos em outra cena complicada num triplo giulio emitido por Leão X (1513-1521).

André Luiz Padilha

Graduado em direito com especialidade em meios alternativos de soluções de conflito e atualmente é estudante de História. Colecionador de moedas desde 1997 e numismata desde 2011. É um ativo divulgador da numismática nacional publicando diversos artigos e estudos por dezenas de plataformas, presta serviços como avaliador e consultor em pelo menos 9 países, também é o fundador da Numismática Castro, do CNERJ e do canal Café e Numismática. É sócio da American Numismatic Association (ANA)

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