As 7 fases da moeda

A Era do Escambo

Em uma época onde o homem vivia em pequenas comunidades, não se conhecia moedas. Geralmente, esses povos vivam da caça, da pesca e da colheita de frutos e assim, recorriam a trocas diretas para conseguir o que não tinham.



Nos primeiros momentos onde a figura do trabalho começou a ser praticada, encontramos como forma de pagamento três tipos de troca sendo elas produto por produto, produto por serviço ou serviço por serviço.

Analisando de forma simplória o escambo pode parecer um sistema justo e simples, contudo o mesmo não é eficiente. Acontece que havia dificuldade de se encontrar um parceiro de troca, ou seja, se eu tenho certa quantidade de trigo e preciso comprar feijão, precisaria encontrar no mercado alguém que precisasse de trigo e tivesse o feijão para troca. Outra grande questão era quanto de trigo eu deveria dar para receber uma boa quantidade de feijão em troca.

A Era da Mercadoria Moeda

Identificando as falhas do escambo, começou-se a usar mercadorias que tivessem uso comum como forma de pagamento, ou mercadorias que fossem de tanto valor ou de tanta raridade que facilmente poderiam ser trocadas por qualquer outra coisa.

Apresentando o escambo como a forma mais primitiva dos sistemas de troca, as mercadorias-moeda são as mais rudimentares dentro dos instrumentos monetários que hoje são usados, criaram assim também a possibilidade da troca indireta, quando eu troco um produto que eu tenho de mais, não por um que eu precise, mas a troca para um produto de mais valor.

Devemos observar também que mercadoria-moeda não era a mesma em todos os locais, devemos entender que a necessidade de um não era a mesma de outro, por exemplo, a pele de animais não teria o mesmo valor na Rússia e Índia.

As civilizações mais antigas que passaram por essa fase teve cada uma sua mercadoria-moeda mais usada, podemos apontar como alguns exemplos a Babilônia e Assíria usavam o cobre, a prata e acevada como moedas; na Alemanha utilizava-se o gado, cereais e moedas cunhadas de ouro e prata; na Austrália tivemos o rum, o trigo e até a carne como moeda. No norte da Europa o peixe seco desempenhava a mesma função enquanto no Canadá, o tabaco e as peles eram os mais utilizados instrumentos monetários.

Com o passar do tempo às mercadorias-moedas foram descartadas e os principais motivos eram que algumas mercadorias eram de difícil transporte, difícil manuseio e principalmente difícil armazenamento, fora as que necessitavam de cuidados especiais, como o boi, que poderia contrair uma doença e morrer.

A era da Moeda metálica ou Metalismo

Como uma das principais características das fases anteriores era a não divisão de valores, os metais preciosos passaram a se sobressair por terem uma aceitação mais geral e a facilidade de divisão, além do que, não se desgastavam com a mesma facilidade dos anteriores. Seu principal problema era a pesagem e o mesmo foi resolvido quando começaram o processo de cunhagem, quando assim, era impresso na moeda o seu valor. Iniciou-se também o processo de recunho, quando um soberano remarcava as moedas para financiar o tesouro real. Recolhendo as moedas em circulação e as redividir para um número maior. Assim também surgiu o que conhecemos hoje por inflação, uma vez que existia um número maior de moedas para a mesma quantidade de bens existentes.

O cobre, o bronze e o ferro foram os primeiros metais utilizados como moeda, em razão da sua abundancia não conseguiam cumprir uma função essencial da moeda que é servir como reserva de valor, uma vez que qualquer um poderia ter esses materiais e cunhar sua própria moeda. Assim, os metais não nobres começaram a ser substituídos pelo ouro e pela prata.



Assim, ficaram claros os benefícios resultantes da utilização das moedas metálicas como principal instrumento monetário, assim esses sistema propagou-se rapidamente pela Grécia, Ásia e pela ampla faixa litorânea da Macedônia. Com efeito, quase todas as antigas civilizações do mundo aderiram a moeda metálica como a mais importante.

A era da Moeda Papel

Com as expansões mundiais e a grande necessidade de se transportar ouro, surgi a moeda-papel. Esse novo sistema monetário veio para andar juntos com as moedas metálicas, pois seus valores estavam interligados. Assim, surgiram os certificados de depósito, que eram emitidos por casas de custódio em troca do metal precioso que era nela depositado. Por ser vinculada, essa moeda representativa poderia ser trocada pelo metal precioso a qualquer momento.

Assim, era comum que pagamentos de grandes quantias fossem feitos com esse tipo de certificado, pela sua segurança e compromisso com a validade, por exemplo, se alguém quisesse comprar uma casa no valor de 10 mil moedas de prata, era muito mais fácil apresentar um certificado de deposito com essa quantia em uma casa de custodia, do que carregar essa quantia em moedas de verdade, assim estaria relativamente mais seguro a roubos.

No final do século XVII essa era a modalidade que dominava toda a Europa e foi assim que surgiram as primeiras modalidades de credito e empréstimos.

A era da Moeda Fiduciária ou o Papel Moeda

A popularização dos certificados emitidos pelas casas de custódio cresceram e com o grande acumulo de moedas metálicas que essas casas agora possuíam, começaram a ser emitidos os primeiros certificados que não estavam efetivamente vinculados a quantidade de moedas, mas a uma carta de crédito oferecida pelas casas de custodio. Assim essas emissões monetárias trariam vantagens para produtores, comerciantes e banqueiros, como uma nova fonte de financiamento os comerciantes obtinham créditos suficientes para expandir seus negócios. Com a criação desse sistema começamos a figura da defasagem monetária, quando o dinheiro impresso é menor que o montante do dinheiro existente, hoje nos Estados Unidos essa defasem é de quase 1 trilhão de dólares.

Observando os riscos dessas cartas de crédito, os poderes públicos começaram a regulamentar o poder de emissão de notas bancarias, já não entendidas como papel-moeda ou moeda fiduciária. O direito a emissão de notas, em cada país, seria confiado a uma única intuição bancária oficial, surgindo assim os primeiros Bancos Centrais.

A era da Moeda Bancária ou Escritural

A moeda bancária ou escritural é conhecida assim porque corresponde a lançamentos a débito e crédito, é também conhecida como moeda invisível, pois não tem existência física. O seu desenvolvimento é dito como acidental, uma vez que só foi percebido que os depósitos bancários movimentados por cheques era uma forma de moeda. Hoje em dia, a moeda bancária corresponde a grande parte de uso dos meios de pagamentos existentes.

Os meios mais comuns de circulação de quantias depositadas é hoje processado por computadores e seu uso geralmente é dado por cheques, transferências bancarias e cartões de crédito e débito.

A era da Moeda Digital ou bitcoin

Diferente da maioria das moedas o bitcoin não depende da confiança de um emissor centralizado ou uma instituição financeira. Temos uma pequena diferença na nomenclatura, quando falamos “b”itcoin estamos nos referindo a moeda efetivamente e “B”itcoin é o sistema por traz dela. O Bitcoin como sistema, pode ser salvo em um computador ou pen drive, como uma forma de arquivos na carteira. Por ser uma moeda autônoma o Tesouro Americano classificou-a como a primeira moeda digital descentralizada do mundo. Tem um sistema e um método próprio para ser aceita e hoje milhares de lojas online aceitam o sistema.

É um método de pagamento em crescimento que acompanha o crescimento das lojas online pelo mundo. Aqui no Brasil, só no ano de 2015 cerca de 10 mil bitcoin foram gastos, cerca de 9,5 milhões de reais. A moeda supervalorizada pode chegar a custar mais de R$5.000,00 um único bitcoin.

Podemos dizer que ainda vivemos sob a custodia das três últimas eras da moeda, mas como nossa sociedade esta em constante evolução, novas poderão surgir e antigas poderão nos deixar, as próximas fases de evolução da moeda só o tempo nos mostrará.



André Luiz Padilha

Graduado em direito com especialidade em meios alternativos de soluções de conflito e atualmente é estudante de História. Colecionador de moedas desde 1997 e numismata desde 2011. É um ativo divulgador da numismática nacional publicando diversos artigos e estudos por dezenas de plataformas, presta serviços como avaliador e consultor em pelo menos 9 países, também é o fundador da Numismática Castro, do CNERJ e do canal Café e Numismática. É sócio da American Numismatic Association (ANA)

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