Girardet – O Pai da Gravura no Brasil

Raro livreto sobre as obras de Girardet.

Apesar de ter nascido em Roma, em 23 de novembro de 1855, Girardet era bem brasileiro. Estudou inicialmente com o pai, com o qual se formou também seu irmão um pouco mais novo, Enrico, e depois na Escola de Belas-Artes de Roma, onde teve como mestres Francesco Podesti, Antonio Allegretti e Giulo Monteverde. Augusto Giorgio Girardet, naturalizou-se brasileiro por volta de 1892, quando sua aplicação e talento no cargo de professor de gravura de medalhas e pedras preciosas da escola nacional de belas artes, passou a nutrir grande admiração pelo povo brasileiro, particularmente pelos meu conterrâneos cariocas. Apesar de longe de sua terra natal, passou dias tranquilos no Rio de Janeiro em sua casa em Copacabana, e para todos os estudiosos da numismática foi um dos mais ilustres filhos do Brasil.

Os serviços por ele prestados à Casa da Moeda do Brasil, onde foi nomeado como professor em 1912, são dignos das maiores referencias, sendo de relevar a série presidencial, composta de medalhas tendo no anverso a efigie dos presidentes da republica e no reverso a fixação dos principais fatos governamentais. A referida série, de um valor extraordinário é considerada a mais completa do mundo nesse gênero e foi exposta juntamente com outros trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes em novembro de 1946, Girardet possuía 91 anos a época.



Por mais de 50 anos, período durante o qual obteve numerosos encargos e reconhecimento, Girardet ilustrou com suas medalhas a história oficial do Brasil, realizando, entre outras, as peças para o Quarto Centenário da Descoberta do Brasil, em 1900 (São Paulo, Museu Paulista), e para a Exposição Nacional do Rio de Janeiro (1908), comemorando a abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional. A essas se seguiram as medalhas para a visita do rei Alberto I da Bélgica (1920), para o primeiro centenário da Independência do Brasil (1922), para a inauguração da grande estátua do Cristo Redentor feita no alto do Corcovado, em 1931, e para o primeiro centenário do Colégio Dom Pedro II (1935). São suas ainda as 14 medalhas da série presidencial do Brasil, desde a do primeiro presidente, Deodoro da Fonseca (1889), à de Eurico Gaspar Dutra (1950). Uma série de bronze está em Roma, no Museu Boncompagni de Artes Decorativas. Além da produção brasileira, devem-se destacar ainda as obras destinadas à Itália.

Em 1901, executou um medalhão (21,5 cm de diâmetro) com o retrato de Giuseppe Verdi (anverso) e a representação alegórica das obras do compositor (reverso), doação de Girardet à Casa de Repouso Verdi de Milão, peça agora no Museu Teatral Alla Scala (Sala Verdi). É de 1930 a medalha do casamento de Giovanna de Saboia com Bóris da Bulgária. Há um catalogo existente com o nome de “Exposição Retrospectiva de Augusto Girardet por seus discípulos e continuadores” contudo tal obra é muito antiga e extremamente rara. Ainda, cito o meu trabalho predileto de Girardet, a medalha em homenagem a Pio X, ao qual poderemos apreciar na imagem a seguir.

Augusto iniciou sua carreira na Gravura de Medalhas e pedras preciosas com seu pai, Antônio Giorgio Girardet, cognominado “Padre Eterno dos Gravadores Italianos”. Sua família é constituída de artistas como escultores, gravadores, pintores e outros.

Quando este incrível artista veio a falecer em 55 seu acervo pessoal, contendo as peças originais e alguns de seus últimos trabalhos, foi cobiçado por dezenas de colecionadores nacionais e também de outros países, contudo suas intenções foram frustadas quando a viuvá de Girardet, a senhora Judith vendeu todo o acervo pela quantia de 1 milhão de cruzeiros ao Patrimônio Histórico Nacional, sua coleção foi vendida sob o nome de Acervo do Patriarca da Gravura no Brasil.

Um pedido e uma observação, caso alguém possua o catalogo informado nesta matéria peço que a gentileza de escaneá-lo ou fotografá-lo para que possamos compartilhar com outros numismatas no Brasil e também, ao menos, traduzir para o inglês para que outros no mundo conheçam a obra de Girardet, uma observação é que há um grupo no Facebook sobre as medalhas de Girardet, convido a todos a clicar AQUI e participar.



André Luiz Padilha

Graduado em direito com especialidade em meios alternativos de soluções de conflito e atualmente é estudante de História. Colecionador de moedas desde 1997 e numismata desde 2011. É um ativo divulgador da numismática nacional publicando diversos artigos e estudos por dezenas de plataformas, presta serviços como avaliador e consultor em pelo menos 9 países, também é o fundador da Numismática Castro, do CNERJ e do canal Café e Numismática. É sócio da American Numismatic Association (ANA)

4 thoughts to “Girardet – O Pai da Gravura no Brasil”

  1. ESTOU PENSANDO EM APRENDER MAIS SOBRE AS NOSSAS MEDALHAS, E DAR MEUS PARABÉNS AO ILUSTRE JOVEM ANDRÉ LUIZ PADILHA PELA SUA OBRA.

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