A negociação virtual na numismática

Esta é uma matéria muito complicada e difícil de comentarmos, afinal quantos colecionadores já não se saíram mal em algumas negociações e ainda nem descobriram que tomaram prejuízos em suas coleções. Eu mesmo posso me citar como exemplo e afirmar que já fiz péssimos negócios na área numismática, afinal comecei a fazer minhas primeiras compras, na época usava-se muito o Orkut para as vendas, com apenas 14 anos e claro que a inexperiência me gerou alguns prejuízos, hoje eu os vejo como experiencia e uma oportunidade de ajudar jovens colecionadores para que não sofram os mesmo prejuízos que sofri.



Infelizmente em toda área e mercado há pessoas desonestas, na Numismática não seria diferente, aquela velha teoria que nenhuma árvore dá somente bons frutos. Alerto aos menos experientes que o número de golpistas vem crescendo cada vez mais e felizmente alguns colecionadores mais experientes conseguem identificar sinais que apontam um principio de golpe, como um perfil novo na plataforma de troca ou um preço muito inferior ao de mercado, assim, antes de tudo, selecione muitos bem os seus fornecedores, não posso pedir de forma nenhuma que deixem de comprar com jovens vendedores, afinal é comum novas pessoas entrando no mercado, mas vou te dar algumas dicas para que você possa ter um pouco mais de confiança.

Vamos conhecer agora algumas boas dicas para selecionar um bom vendedor na internet:

Ter o contato pessoal do anunciante

É claro que ter o endereço pessoal da pessoa é bem difícil e pode até ser indiscreto solicitar, mais um e-mail ou  um número de celular pode te ajudar bastante. A compatibilidade de fotos em um perfil do Facebook e do Whatsapp traz um pouco mais de certeza de que aquela pessoa efetivamente exista e um endereço virtual sem elementos de e-mail gerado na internet também ajuda muito, você pode entender como um e-mail gerado os que não possuem o nome real do vendedor e também possuem uma grande quantidade de números como “casacarro01595.656@provedor.com”.

Conheça o Vendedor

Não temos aqui no Brasil nenhum registro obrigatório para numismatas venderem suas peças, que bom por isso. Isso também acarreta a falta de um registro simples e de uma forma de você buscar através de uma certificação se o vendedor em questão é realmente confiável, mas existem algumas formas:

  • Evite pessoas que te abordem nas redes sociais com ofertas irresistíveis, dificilmente uma moeda de R$1000,00 será vendida por R$100,00 então suspeite muito.
  • Evite perfis novos em redes sociais, não são todos é claro, isso não é uma regra, mas geralmente perfis com muitos ou poucos amigos mas sem nenhuma atividade na time line são suspeitos, afinal se a pessoa não usa para que criou?
  • Pergunte para outros vendedores ou colegas numismatas sobre o possível vendedor, isso sempre ajudará.
  • Existem grupos de vendas no Facebook, por exemplo, que fazem listas negras de golpistas e mal pagadores, sempre vale apena dar uma olhada caso esteja fazendo uma negociação com alguém que você não conhece.

Experiência e conhecimento

É claro que não podemos cobrar experiência para todos, afinal sempre teremos novos colecionadores no mercado, mas existem ferramentas e sites, como o da Numismática Castro por exemplo, que divulgam informações gratuitamente sobre algumas moedas e técnicas, assim, pesquisa sobre a moeda que você quer comprar no Google para saber se o preço de mercado esta compatível, isso evitará que você tome um golpe ou pague muito mais caro que o valor real da peça.



Descrição do produto detalhada

Existem numismatas e vendedores de moedas, um não precisa ser o outro para estar no mercado, existe quem venda moedas mas que não colecione, estão no mercado, honestamente é claro, para tirar o seu sustento ou mesmo um dinheiro extra. De qualquer forma, além de uma foto real do produto, peça uma descrição detalhada da moeda, fatores como estado de conservação, material de cunho e peso da peça são essências para que você possa pagar um preço justo pela moeda e também verificar se a mesma é original.

Garantia

Não é porque estamos lidando com negociações numismatas, que na maioria das vezes são informais, que não precisamos respeitar as leis de proteção ao consumidor, por isso eu sempre recomendo que compre diretamente de lojas, assim você terá a “segurança” que um CNPJ pode oferecer, como garantia do produto, troca e reembolso.

Autenticidade da peça

Diariamente deparamos no mercado numismático com raridades, peças preciosíssimas dignas de um museu, quando você estiver pronto para adquirir uma peça que lhe obrigue desembolsar uma grande quantia exija certificação de autenticidade da peça para o vendedor, mesmo que seja somente um papel com uma descrição detalhada da moeda, uma carta atestando a autenticidade e assinada com os documentos básicos do vendedor, exija e não se esqueça também da autentificação em cartório. Assim, caso após a compra você identificar uma falsificação ou um caso de propaganda enganosa, você terá o direito de trocar o produto ou pegar o seu dinheiro de volta, e em um caso mais problemático, ingressar com uma ação judicial contra o vendedor pedindo o pagamento de danos morais e materiais.

Calma e Maturidade

Não compre por compulsão ou medo de perder o produto, estude o que você está comprando, isso evitará que você gaste mais dinheiro do que deveria.

Entenda uma coisa, sou colecionador a quase 20 anos e já passei por muitas fases numismáticas durante minha vida na área, o colecionismo é viciante e pode se tornar até uma doença, assim não gaste mais do que você pode, não dê prioridade a comprar moedas antes de pagar as suas contas. É claro que colecionar moedas é uma ótima e segura forma de investimento, mas se não feito com cautela e paciência pode se tornar um enorme prejuízo na vida da pessoa.

Trace metas, colecione através de um objetivo, o meu por exemplo é ter ao menos uma moeda de cada canto do mundo, então sempre darei prioridade para comprar moedas de países que ainda não possuo nada, isso pode evitar a comprar desenfreada de exemplares que estão em falta em sua coleção, evitando assim que você gaste dinheiro de forma descontrolada.

Não esqueça de compartilhar esse texto com novos colecionadores de seu conhecimento, ele pode ajudar muito quem esta começando agora, apadrinhe um novo numismata e ganhe um colega para conversar e possivelmente um amigo, se você tiver alguma outra dica não esqueça de compartilhar conosco nos comentários.



André Luiz Padilha

Graduado em direito com especialidade em meios alternativos de soluções de conflito e atualmente é estudante de História. Colecionador de moedas desde 1997 e numismata desde 2011. É um ativo divulgador da numismática nacional publicando diversos artigos e estudos por dezenas de plataformas, presta serviços como avaliador e consultor em pelo menos 9 países, também é o fundador da Numismática Castro, do CNERJ e do canal Café e Numismática. É sócio da American Numismatic Association (ANA)

8 thoughts to “A negociação virtual na numismática”

    1. gostei de sua dica. Eu sou corretor de imóveis credenciado pelo Creci de SP. Como corretor de imóveis parece que o pessoal nao voltou do carnaval ainda nao estou vendendo nada, alguns alugueis sim estao indo. A exatos 18 meses um colega tambem corretor de imóveis convidou me a entrar para a escripofilia e numismáticos. Confesso que 99% com quem andei falando eram picaretas, e só alguns que nem nós por exemplo , transparentes e honestos. Resumindo, eu fui me registrar no COAF e eles disseram que nao é com eles e sim no CVM e no COFECI. Mas Cofeci e para corretores avaliadores e nao é meu caso e o CVM o que tem a ver com isso ?

      1. Boa tarde Milton, obrigado pelo seu acesso. Eu até entendi o que você disse, mas aqui na numismática não há nenhum órgão regulatório para ação, nem curso ou pré-requisito. É como comprar uma antiguidade em um leilão, e revender para ganhar lucro, saber o momento certo e continuar o ciclo. Existem sim empresas, apesar de não atuarem aqui no Brasil, que atuam unicamente com cartas de investimentos em numismática, mas aqui no Brasil não funciona assim. Aqui na Numismática ensinamos a investir em numismática para incentivarmos o livre comercio e fortalecer o mercado numismático.

        1. Obrigado por responder.
          Realmente aqui nao tem como registrar nada, mas como entao registrar algo no COAF se nao existe ? Numismáticos com ativos de outros países e bem antigos por sinal e tambem Escripofilia. Ha ativos da China do ano de 1912 e 1913 aqui no Brasil nao valem nada, mas no mercado externo e noutros países, sim. A comissao por intermediaçao de um ou mais ativos desses é um vulto enorme se nao existe COAF pra isso entao nao tem registro em lugar algum?

          1. Sim, infelizmente Milton.
            Aqui no Brasil não há nenhum tipo de regularização para minha profissão, não temos sindicato nem conselho de ética.
            Não sou um sindicalista da vida, mas gostaria muito que alguma Sociedade Numismática, como a SNB ou SNP, emitissem um tratado de ética sobre o funcionamento de nossa profissão, ao menos teríamos um padrão razoável que os novatos se espelhariam…

  1. realmente hoje temos que tomar muito cuidado, talvez o mercado livre seja uma boa opção de compra porque lá tem uma certa segurança de compra e venda

  2. Boa noite E referente ao comprador de outro país, essa é a minha primeira negociação, me pediu data de nascimento, endereço e número da conta para fazer o depósito, não dei estou desconfiado, segundo ele um endereço comercial o nome é Frederick Coin Exchange, conhece?

    1. Boa tarde Joedson, não podemos responder por outras instituições, mas aconselho procurar o gerente do seu banco e tirar dúvidas se esse tipo de informações são solicitadas para uma transferência internacional.

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