O estado de conservação de uma moeda é um dos fatores mais importantes para determinar seu valor, ao lado de sua relevância histórica e do número de exemplares emitidos. É comum que iniciantes tenham dificuldades para avaliar suas moedas, pois existe uma grande diferença entre uma peça com cunhagem impecável e outra idêntica em todos os aspectos, mas que apresenta marcas de circulação. Essa distinção nem sempre é percebida por olhos não treinados na numismática. Podemos dizer que o grau de conservação de uma moeda é determinado pelo seu nível de desgaste.
O colecionador iniciante deve praticar classificando suas moedas de acordo com esse princípio, observando o desgaste geral e não se atendo apenas a detalhes isolados. É fundamental compreender que a classificação do estado de conservação não é a mesma coisa que a avaliação do valor. Uma moeda pode ser considerada "Soberba" e, ao mesmo tempo, ser "Única". O objetivo aqui é apresentar os diferentes estados de conservação das moedas para que você possa classificar corretamente sua coleção.
Ter conhecimento sobre nossa coleção é essencial, mas uma dica importante para iniciantes é não se prender excessivamente ao estado de conservação. Não há moedas suficientes para todos os colecionadores do mundo, por isso é melhor ter um exemplar bem conservado do que não ter nenhum. É raro encontrar alguém que colecione apenas moedas Flor de Cunho, pois esse tipo de coleção seria muito limitada.
Pessoalmente, prefiro manter o melhor exemplar na minha coleção. Como sou bastante apegado, não costumo vender ou doar moedas, a não ser que tenha duas idênticas. Claro que queremos o melhor para nossa coleção, mas antes uma moeda "BC" no bolso do que uma "FC" que nunca conseguimos adquirir.
Grande parte das moedas disponíveis no mercado são circuladas, afinal, estamos colecionando dinheiro e nem todos cuidam adequadamente de suas moedas. Antes de chegarem à sua coleção, elas já passaram por centenas de mãos, bolsas e gavetas. O atrito com outras moedas é um dos principais fatores de desgaste.
Agora, vamos conhecer os diferentes graus de conservação das moedas, padronizados há muito tempo e ainda seguidos devido à sua simplicidade e praticidade. A classificação segue do estado superior ao inferior:
PROOF (PR): Moeda de cunhagem especial, com fundo brilhante espelhado e relevos foscos. Normalmente são conhecidas como "prova" e não são postas em circulação, sendo vendidas apenas pelas casas de cunhagem.
FLOR DE CUNHO (FDC ou FC): Moedas que não entraram em circulação e não apresentam manchas ou amassados. Pequenos desgastes podem ocorrer devido ao contato com outras moedas no sachê original, mas esses desgastes são mínimos e geralmente perceptíveis apenas com lupa.
Observação: É comum que iniciantes confundam as classificações FC e BNC. A diferença essencial é que a moeda Flor de Cunho pode apresentar pequenos desgastes devido ao contato normal com outras moedas, o que não ocorre com a BNC, que é mantida em condições ideais de preservação. Outra interpretação, defendida principalmente pela numismática portuguesa, sugere que o estado Flor de Cunho se refere às primeiras moedas cunhadas com um determinado cunho, quando ele ainda está novo e sem desgaste decorrente da produção em larga escala. De fato, há uma diferença mínima no brilho das moedas cunhadas com cunhos mais gastos, mas essa sutil variação é perceptível apenas para colecionadores mais experientes.
MUITO BEM CONSERVADA (MBC): Moeda com alguma circulação, mas ainda bem preservada. Pode ter desgastes moderados no relevo, bordas, riscos ou marcas de manuseio, mas a gravura continua perfeitamente visível.
REGULAR (REG): Moeda com desgaste significativo, afetando a gravura, legenda e data. Ainda é possível identificar suas principais características.
MAL CONSERVADA (MC): Apresenta fortes sinais de desgaste, com legenda e data parcialmente ilegíveis, mas ainda identificável.
Se uma moeda estiver abaixo do estado "MC", ela se torna apenas um disco de metal desgastado, sem identificação clara.
Essa escala de conservação foi por muito tempo a mais utilizada em Portugal. Embora a classificação brasileira seja bastante semelhante, ela não inclui estados como PR, BNC ou B. Como nada é absoluto no mundo da numismática, essa não é a única escala de graduação utilizada. Muitos colecionadores preferem a escala brasileira por sua simplicidade, enquanto outros adotam a escala Sheldon por ser mais precisa. Outro exemplo é a escala Veritas, criada para a certificadora Veritas, especialmente pensada para a numismática clássica.
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